Data Publicação: 20/09/2023
Redação: SARAH MARMO AZZARI
"Tempo é relativo", já dizia o ditado popular. Seis meses podem parecer um curto período para uma formação acadêmica, por exemplo, mas quando se trata de tempo de hospitalização, meio ano é muita coisa.
Que o diga a Jaqueline Ferreira, que deu entrada no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, em fevereiro de 2023, e recebeu alta somente em agosto. A paciente foi recebida na unidade com dificuldade respiratória causada pela síndrome de Guillain Barré - distúrbio no qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso e tem como um dos principais riscos o acometimento dos músculos respiratórios, podendo levar à morte.
A primeira providência da equipe foi iniciar a ventilação mecânica e, após determinado período, foi necessário realizar uma traqueostomia, procedimento cirúrgico que consiste na inserção de uma cânula na região da traquéia (pescoço), com o objetivo de facilitar a chegada de ar até os pulmões.
A partir daí, foi realizado um intenso trabalho para o processo de reabilitação e recuperação até a almejada alta hospitalar, totalizando três meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e três meses na enfermaria. A paciente contou com o atendimento de uma equipe multidisciplinar para que, gradualmente, conseguisse respirar sem os aparelhos e se alimentar sem a sonda.
A recuperação da fala foi outro processo abraçado pelos profissionais, que tiveram o cuidado de, enquanto isso não era possível, providenciar uma cartilha para que a paciente conseguisse sinalizar por meio de ilustrações, suas emoções e/ou necessidades.
"Após o trabalho intenso de reabilitação, a Jaqueline não só deixou de depender do aparelho para respirar, mas sua traqueostomia foi retirada, assim como a sonda de alimentação, retomando a alimentação por via oral, assim como sua comunicação verbal completa", relembra Priscila Ranéa, coordenadora multidisciplinar.
Após seis meses, todo o corpo de profissionais envolvidos pôde colher os frutos de tanta dedicação: Jaqueline recebeu alta respirando sozinha, falando e com boa recuperação da sua força muscular - inclusive, sem sequer apresentar alguma lesão decorrente do extenso período acamada - mais um ponto para o cuidado proporcionado pelo time.
"Toda a equipe estava engajada: médicos, equipe da enfermagem, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogas e assistentes sociais, objetivando sua recuperação e uma possível desospitalização", ressalta Priscila.
Para comemorar a volta da paciente para casa, os profissionais organizaram uma singela homenagem, fazendo um corredor humano, registros fotográficos do emocionante momento de passar pelas portas do Hospital, e entrega da seguinte mensagem impressa: "Jaqueline, você é mais que vencedora" - que dispensa explicações.
O Hospital Irmã Dulce é uma unidade da Secretaria Municipal de Saúde de Praia Grande gerenciado em parceria com a SPDM/PAIS, Organização Social de Saúde.